Reconciliai-vos com Deus


Reconciliai-vos com Deus

O pecado é o mais puro ato voluntário de quem se afasta da comunicação com a graça divina. Mas o sacramento da Reconciliação, ou confissão, como também se pode chamar, vem reatar os laços da pessoa com Deus. Quando Jesus inicia sua vida pública anuncia um convite à penitência “porque o Reino de Deus está próximo”. Isto já se dá no momento do seu batismo, e, convida o Precursor, São João Batista, para que continue nesta pedagogia divina.
Depois da oração, a penitência é a ação mais eficaz para purificar a alma e prevenir contra as faltas no futuro. Podemos ver nas cartas paulinas quão inúmeras vezes o Apóstolo Paulo exorta as comunidades à reconciliação. Vale lembrar que é do pecado individual que nasce o pecado social.
A Igreja recomenda confessar-se pelo menos pela Páscoa da Ressureição. Mas vale dizer que este sacramento deve ser buscado sempre que houver alguma transgressão à Lei Divina. Ou seja, pelo exame de consciência o ser humano saberá da necessidade de buscar a reconciliação. Deus nunca condena o pecador mas, sim repudia o pecado. É o pecador que se auto condena. Deus é sempre justo e misericordioso, e como Pai bondoso sempre espera o retorno de seu filho amado, obra de sua vontade para você existir no mundo. Lembre-se: você é querido, amado e pensado por Deus!
Pela razão e pela fé vemos no pecado o pior dos males, por isso há a necessidade de conversão e reconciliação na busca do sacramento da confissão que religa a alma humana à graça divina. Na prática, após a confissão, o penitente deve ter a clara consciência de suas atitudes e/ou lugares que põem sua alma em risco. Mas daí caro leitor, de repente você se pergunta: O que se pode dizer da repetição dos mesmos pecados? Eu creio que nós precisamos olhar para a orientação no campo da psicologia e nas realidades da vida. Insisto imediatamente claro: não se trata de qualquer “psicologismo”, mas com o reconhecimento humilde da complexidade da existência humana e a interação, mútua e complexa entre seus vários aspectos.
Às vezes acontece que uma confissão regular, mensal, por exemplo, o “penitente” pode ficar preso em um impasse. Bem, nota-se que na confissão a rotina dos pecados é a mesma. Ele tem uma boa vontade, ele vê seus pecados, em sempre se arrepende, porém, decide melhorar. E até agora nada. Cada vez é a mesma coisa. Raramente um pecado está fora do repertório de cada mês, e se você cair, ele só volta na próxima vez. Esta situação pode causar frustração. Pois nada realmente mudou na minha vida espiritual? E o penitente se questiona: Eu sou moralmente tão corrupto? Ou talvez eu seja apenas um que não sirvo para nada? E ali pode nascer um ressentimento.
Torna-se necessário rever nosso estilo de vida. Da mesma forma, o apoio para os pecados podem vir de diferentes realidades de nossas vidas. Por exemplo, alguém ainda confessa o pecado mas, consiste no fato de que ele não pratica a oração. Depois de algumas perguntas, se percebe a situação que o penitente não é propício para a casa de oração [missa e Eucaristia]: um pequeno apartamento, uma família poucas pessoas, o lugar de ninguém, a falta de paz e tranquilidade, medo de sair de casa pela violência presente em nossas grandes cidades. Para ser capaz de rezar todos os dias, é necessário intimidade, um lugar que é o meu espaço pessoal e tempo para si mesmo. Tendo um lugar realmente, mantém a regularidade de oração e apoiar o seu desenvolvimento. Alguém mais ainda frustrado, porque ele sabe que prefere o ócio, mas depois, em vez de orar, dedica seu tempo livre olhando filmes estúpidos. Olhando para uma discussão mais aprofundada veremos que há os ainda mais cansados, porque há um monte de trabalho. Se a vida é dividida em trabalho e oração, você certamente vai perder oração. Mas, São Bento sempre dizia “Ora et labora”, que quer dizer: “oração e trabalho!”É necessário dispor de tempo para relaxar. Será só quando eu encontrar tempo de qualidade para mim, quando eu posso relaxar, descontrair, fazer algo que eu gosto, só então pode aparecer o espaço para a oração. Caso contrário, seu corpo, e sua mente automaticamente vão roubar o tempo para descansar. Dê um “reset", em sua vida e cada oração é uma nova tentativa de ser um sonho despedaçado na distração e desânimo.
A Santa Missa, por exemplo, nos dá a oportunidade do arrependimento dos nossos pecados mais leves em dois momentos: o Ato Penitencial, [Senhor tende piedade de nós!] e a oração do Cordeiro de Deus [Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós!]. Daí a Santa Comunhão que recebemos nos coloca em plena comunicação com o Pai e os irmãos. Mas não se pode esquecer que os pecados mais leves, mesmo que nos mostram o prejuízo em relação com Deus não nos privam da sua graça, mas os pecados mortais só são apagados pelo sacramento da confissão.
E quem pode se esquecer do momento em que Jesus pregado na cruz dialoga com um famoso ladrão também pregado ao lado dele? “Mestre, quando estiver no Reino de Deus, lembra-se de mim!” e Jesus responde: “Ainda hoje estarás no paraíso comigo!” Existe maior prova de amor e misericórdia que isto? Mesmo sangrando e perfurado pelos pregos, lá na cruz, Jesus estende seu gesto de misericórdia. Daí podem perceber como que de fato o amor de Deus se estende e sua misericórdia transcende. E o soldado, aos pés da cruz que exclama: “Este Homem é de fato o Filho de Deus!”
Por isso, o rito da confissão é um ato que leva à justiça para com Deus, nos incorpora com Jesus e se torna obrigação de caridade e resposta pessoal. Pois nossa incorporação a Cristo já se dá pelo próprio sacramento do batismo.
O sacramento da confissão que você ama e confia se volta a Jesus como alguém que é capaz de curar as áreas afetadas. Isso levanta uma questão: Por que eu tenho que ir ao confessionário, uma vez que “acho” que não tenho pecado? Mas Deus nos convida a um sincero olhar para mim mesmo, a fim de fazer isto. Na confissão, nós nos santificamos.
Caríssimos, estamos já bem próximos da Páscoa do Senhor. Em todo o mundo é um período privilegiado para a aproximação ao sacramento da confissão. Não deixe de visitar sua paróquia ou comunidade e verificar o calendário dos mutirões de confissão. Reconciliação com Deus neste sacramento é o abraço dele de acolhida como filho ou filha. Sinta depois disso o alívio em seu coração e comungue com leveza de coração! Santa Páscoa a todos e reze neste período de renovação de papado em nossa Santa Igreja. Deus abençoe!

Roberto Luiz Preczevski
Paróquia Rainha dos Apóstolos