Ez 17,22-24; Sl 91; 2Cor 5,6-10; Mc4,26-34
1. Meus irmãos,
o Evangelho, há pouco proclamado, nos mostra Jesus pregando em parábolas. As parábolas constituem o método de pregar de Jesus. Jesus pregava em parábolas porque através delas queria entrar no coração de todos, pois a todos Jesus veio oferecer a salvação. Jesus queria entrar no coração de todos: dos jovens, dos adultos, dos maduros; dos que tiveram algum estudo naquele tempo e dos que não tiveram estudo algum; daqueles que queriam converter-se, e daqueles que ainda não queriam converter-se. Jesus queria entrar no coração de todos porque veio oferecer a salvação a todos nós.
2. Jesus é a Palavra de Deus encarnada (cf. Jo 1,14). A Palavra de Deus é eficaz nela mesma (cf. Hb 4,12), e só voltam a Deus depois que produzir frutos. Jesus, que é a Palavra de Deus, Se dirige através de parábolas para Se tornar acessível aos seus ouvintes, para tocar os seus corações, para que deem frutos.
3. As Parábolas que hoje ouvimos fazem parte das “Parábolas do Reino de Deus”. O que é o Reino de Deus? O Reino de Deus, inaugurado o Jesus Cristo, existe à medida que fazemos a vontade de Deus. É como rezamos no “Pai Nosso”, como Jesus nos ensinou: “Venha a nós o vosso reino, seja feita vossa vontade, assim na Terra como no Céu”. Assim, o Reino de Deus se expande se fazemos a vontade de Deus. Do contrário, se não fazemos a vontade de Deus, o Seu Reino se retrai. Na mesma perspectiva, ouvimos São Paulo, na 2ª leitura, dizer que “nos empenhamos em ser agradáveis (ao Senhor)”, pois “temos de comparecer as claras perante o tribunal de Cristo para cada um receber a dádiva recompensa – premio ou castigo – do que tiver feito ao longo da vida” (v. 9-10). O Cristo Jesus inaugurou Seu Reino na nossa historia, e nos convoca a sermos os construtores, fazendo a Sua vontade.
4. A primeira parábola que ouvimos fala de alguém que semeou sementes. Elas germinaram, mas ele não sabe como isso aconteceu (v. 27). O Reino de Deus é iniciativa de Deus. O semeador fez a sua parte, contudo é Deus quem faz a semente germinar. É Deus que age na construção de seu Reino. É o Cristo Jesus que inaugurou o Seu reino, o Reino de Deus, no meio de nós. E é o Espírito de Deus que age, a nos inspirar, e a nos encorajar, para que façamos a vontade de Deus. É como ouvimos na 1ª leitura, é Deus que planta o seu povo, um broto, um pequeno galho, no monte Israel (vv. 22-23), e que o fará germinar (v. 24). É Deus que age, é Deus quem toma a iniciativa, e conta com a nossa colaboração. É Deus quem age, e conta com a nossa correspondência.
5. A segunda parábola é a chamada “parábola de grão de mostarda”. Jesus disse que o grão de mostarda é menor dos grãos (v. 31), e quando cresce se torna tão grande que os pássaros vêm se abrigar à sua sombra (v. 32). Jesus exagerou. Os que conhecem o grão de mostarda sabem que não é possível que os pássaros se abriguem a sua sombra. Jesus exagerou para que os Seus ouvintes compreendessem a grandeza e a gratuidade de Deus. Jesus exagerou para que compreendamos que é Deus quem toma a iniciativa, e que nos devemos corresponder. E Jesus, que inaugurou o Reino de Deus, Ele nos convoca a sermos os construtores deste Reino. Jesus nos traçou um caminho de vida, e espera que o percorramos, como Seus discípulos.
6. Ao final do relato das parábolas S. Marcos fez o seguinte comentário: Jesus “só lhes falava por meio de parábolas, mas quando estava sozinho com os discípulos explicava tudo” (v. 34). Este comentário assinala que além da pregação de Jesus, feita para o povão, Ele, depois, retomava os temas da pregação com os discípulos, com aqueles que haveriam de difundir o Seu ensinamento.
7. Meus irmãos, estamos diante de Jesus, o Filho de Deus, nosso Salvador. Ele é a Palavra de Deus encarnada, que inaugurou o Seu Reino no meio de nós. Ele é o nosso Salvador, nos oferece a salvação, e espera nossa correspondência. Ele é o nosso Salvador, e espera que sejamos Seus discípulos, os construtores do Seu reino de paz. E nós aqui, na casa de Deus, neste domingo, o dia do senhor, cá estamos para manifestar a nossa disposição em segui-Lo, a nossa disposição em construir o Seu Reino na vida presente, que terá na eternidade a sua consumação.
V. Louvado seja N. S. Jesus Cristo!