Jesus Pão da Vida


XXI DTC - B                                    
(Js 24, 1-2.15-18; Sl 34 (33); Ef 5, 21-32; Jo 6, 60-69)

1. Meus irmãos, 
hoje lemos o último trecho do sexto capítulo do Evangelho segundo S. João, no qual Jesus se apresenta como o Pão da  Vida e, assim, prepara os seus seguidores para compreender com fé a Eucaristia, a Missa, que é o memorial da redenção por Ele operada em favor de toda a humanidade.
2. A Eucaristia é, de fato, o memorial de Jesus Cristo, especialmente de sua páscoa, de sua morte e ressurreição, através dos quais Ele proporcionou a salvação à humanidade. E, na Última Ceia, Jesus instituiu a Eucaristia, o memorial de sua morte e ressurreição, e instituiu os Doze Apóstolos sacerdotes da Nova Aliança, para quem Lhes disse: “Fazei isto em memória de mim” (Lc     ,      ). Assim, cada missa que participamos e, especialmente, a missa dominical, celebramos o memorial da redenção operada por Jesus Cristo.
3. Memorial é algo maior que uma memória, que uma simples lembrança. O memorial traz presente o conteúdo daquilo que se lembra. Para o Povo do Antigo Testamento, o Êxodo do Egito, a primeira páscoa, foi objeto do seu memorial, em todas as épocas de sua peregrinação. É como ouvimos, há pouco, na 1a leitura: “ ... o Senhor, nosso Deus, ele mesmo, é quem nos tirou, a nós e a nossos pais, da terra  do Egito, da casa da escravidão” (v. 17). Para o Povo da Antiga Aliança, o Êxodo não era apenas objeto da recordação do Povo, mas evocava que Deus que o libertou continuava presente e atuante. É como ouvimos, também, na 1a leitura: “Foi ele quem realizou esses grandes prodígios diante de nossos olhos e nos guardou por todos os caminhos por onde peregrinamos, e no meio de todos os povos pelos quais passamos” (v. 17b). O Povo de Israel, ao lembrar-se do Êxodo, portanto, tinha consciência de que Deus não só libertou no passado, mas estava constantemente presente nas vicissitudes do mesmo Povo. E o trecho que ouvimos termina com o compromisso do Povo de ser fiel a Deus: “Portanto, nós também serviremos ao Senhor, porque Ele é o nosso Deus” (v. 18). 
4. Jesus, o Filho de Deus que se fez homem para a nossa salvação, realizou uma nova páscoa com a sua morte e ressurreição e, assim, selou com a humanidade a Nova e eterna Aliança. E como memorial da Nova Aliança, na Última Ceia, Jesus instituiu a missa, a Eucaristia, a ser celebrada por nós que Lhe damos fé. A missa não é uma simples recordação, mas o memorial da redenção operada por Jesus Cristo e, por isso, temos nela a sua presença real a nos alimentar em nossa peregrinação terrestre, para que Lhe sejamos fiéis, ao percorrermos o caminho de vida que Ele percorreu na nossa história, que nos realiza na vida presente, e que nos conduz à vida eterna. E tal qual o Êxodo, no Antigo Testamento, a Eucaristia para os fiéis de Jesus Cristo reclama o compromisso, ou seja, se comungamos no altar do Senhor, e por Ele somos alimentados, é para que também na vida expressemos esta comunhão, percorrendo o caminho de vida que Jesus traçou na nossa história, amando como Ele ama, promovendo a paz e a justiça onde vivemos.
5. Recebemos o Corpo e o Sangue do Senhor que nos alimenta para percorrermos o caminho que Ele traçou na nossa história, caminho de salvação, que nos conduz à vida eterna. O caminho de Jesus é a vida nova para a qual ele nos chama a viver, que acontece na medida em que acolhemos a Sua Palavra e recebemos o santo Batismo. É como ouvimos, na 2a leitura: Cristo “quis assim tornar (a Igreja) santa, purificando-a com o banho da água unida à palavra” (v. 26). Os que acolheram a Palavra de Deus e Lhe dão fé, que receberam o Batismo, são alimentados com o Corpo e o Sangue do Senhor, para perseverarem no seu amor, no seu caminho, até a vida eterna, para perseverarem na vida nova inaugurada por Jesus. Os cristãos são chamados pela Palavra, pelo Batismo e pela Eucaristia, no Espírito de Cristo, a viver uma vida nova.
6. Na 2a leitura, S. Paulo se serve da imagem do casal para expressar o amor de Cristo pelo Seu Povo, que é a Igreja. E S. Paulo aproveita esta ocasião para afirmar que como cristãos, marido e mulher devem viver uma vida nova, no matrimônio, e a partir do matrimônio. Portanto, congregados pelo Cristo na Igreja, o Novo Povo de Deus, através da Palavra, do Batismo e da Eucaristia é fortificado, no Espírito, a caminho do Pai, para viver uma vida nova de amor, de paz e de justiça, tal qual Jesus nos ensinou. E, da missão de Jesus, a Eucaristia é o memorial, que contém a sua presença real na peregrinação do Novo Povo de Deus.
7. Notamos, no entanto, que quando Jesus fez a Sua pregação sobre a Eucaristia, e se apresentou como Pão vivo descido dos Céus, seus ouvintes estranharam, e O abandonaram (v. 66). Jesus, então, voltou-se para os Doze Apóstolos, e Lhes perguntou se fariam o mesmo (v. 67). Simão Pedro, líder dos Doze Apóstolos, respondeu pelo grupo, e deu a Jesus uma resposta referencial: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que Tu és o Santo de Deus” (vv. 68-69).
8. A resposta de S. Pedro é referencial para todos nós, para toda a Igreja. Somos nós o Novo Povo de Deus, congregado por Jesus Cristo, congregado por Sua Palavra, a Lhe dizer como S. Pedro: “Tu tens palavras de vida eterna”. Nós acolhemos a Sua Palavra, fomos assinalados pelo Seu batismo, e somos alimentados pelo seu Corpo e Sangue e, assim, O reconhecemos o Pão vivo descido dos Céus! 
9. Assim, em cada missa que participamos do Memorial de Jesus Cristo, acolhemos a Palavra de Deus, as Suas palavras de vida eterna, e também nos alimentamos do Pão vivo descido dos Céus. E em cada missa nos comprometemos em traduzir a comunhão do altar em comunhão de vida, percorrendo o caminho de Jesus, caminho de paz e de justiça, no qual procuramos amar como Ele nos ama.
Louvado seja N. S. J. C.!